Helena p. Blavatsky Isis sem vél.
Helena p. Blavatsky Isis sem vél.
VOLUME 1
CIÊNCIA I
CAPÍTULO I
A "INFALIBILIDADE" DA CIÊNCIA MODERNA
COISAS NOVAS COM NOMES VELHOS.
A CABALA ORIENTAL. (L.1. pág. 101).
Existem em algum lugar, neste vasto mundo, um livro antigo - tão antigo que os nossos modernos
arqueólogos poderiam examinar-lhe as páginas durante um tempo infinito sem contudo chegarem a um
acordo quanto à natureza do tecido sobre o qual ele foi escrito. É a única cópia original que existe
atualmente. O mais antigo documento hebraico sobre a ciência secreta - a Siphra Dzeniouta foi compilado a
partir desse livro, e isso numa época em que já o consideravam uma relíquia literária. Uma de suas ilustrações
representa a Essência Divina emanada de Adão como um arco luminoso que tende a formar um circulo;
depois de atingir o ponto mais alto dessa circunferência. a glória inefável endireita-se novamente, e volta à
Terra, trazendo no vórtice um tipo superior de Humanidade. Quanto mais se aproxima de nosso planeta, mais
a Emanação se torna sombria, até que, ao tocar o solo, ela é tão negra como a noite.
Os filósofos herméticos de todos os tempos têm sustentado a convicção, baseada, como alegam, em
setenta mil anos de experiência, de que a matéria, devido ao pecado, torna-se, como o passar do tempo, mais
grosseira e mais densa do que era quando da primitiva formação do homem; de que, no princípio, o corpo
humano era de natureza semi-aérea; e de que, antes da queda, a humanidade comunicava-se livremente com
os universos invisíveis. Mas, depois, a matéria tornou-se uma formidável barreira entre nós e o mundo dos
espíritos. As mais antigas tradições esotéricas também ensinavam que, antes do Adão místico, muitas raças
de seres humanos viveram e morreram, cada uma dando por sua vez lugar a outra. Teriam sido os tipos
precedentes mais perfeito? Teriam alguns deles pertencido à raça alada de homens mencionada por Platão no
Fedro?
À medida que o ciclo prosseguia, os olhos dos homens foram mais e mais se abrindo, até o momento
em que ele veio, tanto quanto os próprios Elohim (Elohim Deuses ou Senhores) são idênticos aos Devas,
Dhyâni-Buddhas ou Homens celestes.-, a conhecer "o bem e o mal". Depois de alcançar o seu apogeu, o ciclo
começa a retroceder. Quando o arco atingiu um certo ponto que o colocou em paralelo com a linha fixa de
nosso plano terrestre, a Natureza forneceu ao homem "vestes de pele", e o Senhor Deus "os vestiu".
Essa crença na preexistência de uma raça mais espiritual do que aquela a que pertencemos
atualmente pode ser reconstituída desde as mais antigas tradições de quase todos os povos. No antigo
manuscrito quíxua, publicado por Brasseur de Bourbourg - o Popol Vuh - , os primeiros homens figuravam
como uma raça dotada de razão e de fala, que possuía uma visão ilimitada e que conhecia de imediato todas as
coisas. De acordo com Filon, o Judeu, o ar está repleto de uma hoste de espíritos invisíveis, alguns dos quais
são livres do mal e imortais, e outros são perniciosos e mortais. "Dos filhos de EL nós descendemos, e filhos
de EL voltaremos a ser." E a declaração inequívoca do gnóstico anônimo que escreveu O evangelho segundo
São João, de acordo com a qual "todos os que O receberam", isto é todos os que seguiram praticamente a
doutrina de Jesus, tornar-se-iam "filhos de Deus", aponta para a mesma crença. "Não sabeis que sois
deuses?, exclamou o Mestre. Platão descreve admiravelmente no Fedro o estado anterior do homem, e
aquele ao qual ele há de retornar: antes e depois da "perda das asas"; quando "ele vivia entre os deuses, e ele
próprio era um deus no mundo aéreo". Desde a mais remota Antigüidade, as filosofias religiosas
ensinaram que todo o universo estava repleto de seres divinos e espirituais de diversas raças. De uma delas,
no correr do tempo, proveio ADÃO, o homem primitivo.
O PROGRESSO DA HUMANIDADE CARACTERIZADOS POR CICLOS. (L.1.pág.104).
Para um homem de Ciência, recusar a oportunidade de investigar um novo fenômeno, venha este na
forma de um homem da Lua, ou na de um fantasma da quinta de Eddy, é igualmente repreensível.
Provenha este resultado do método de Aristóteles ou do método de Platão, não devemos nos demorar
para investigá-lo; mas é um fato que as naturezas internas e externa do homem eram perfeitamente conhecidas
pelos antigos andrólogos (que estudavam as ciências do homem). Sem embargo das hipóteses superficiais dos
geólogos, estamos começando a recolher quase diariamente as provas que corroboram as asserções desses
filósofos.
Eles dividiam os intermináveis períodos da existência humana sobre este planeta em ciclos,
durante um dos quais a Humanidade gradualmente atingiu o ponto culminante da mais alta civilização e
gradualmente recaiu no mais abjeto barbarismo. A altura à qual a raça, em sua fase progressiva, muitas vezes
chegou, pode ser francamente presumida pelo maravilhoso monumento da Antigüidade, ainda visíveis, e
pelas descrições dadas por Heródoto de outras maravilhas de que não restou nenhum traço. Mesmo em sua
época as gigantescas estruturas de muitas pirâmides e de templos mundialmente famosos eram apenas montes
de ruínas. Dispersados pela infatigável mão do tempo, eles foram descritos pelo Pai da História como "as
testemunhas veneráveis da glória antiguíssima de ancestrais mortos". Ele "evita falar das coisas divinas" e dá
à posteridade apenas uma descrição imperfeita de oitava de algumas extraordinárias câmaras subterrâneas do
Labirinto, onde jaziam - e ainda jazem - ocultos os restos sagrados dos Reis Iniciados.
Podemos ainda fazer uma idéia da alta civilização atingida em alguns períodos da Antigüidade
pelas descrições históricas da época dos ptolomeus, embora nesse tempo se considerasse que as artes e as
ciências estavam em decadência, e que muitos dos seus segredos já perdidos. Nas recentes escavações de
Mariette-bey, aos pés das pirâmides, estátuas de madeira e outras relíquias foram exumadas, mostrando que
muito tempo antes das primeiras dinastias os egípcios tinham atingido uma perfeição e um refinamento
artístico capazes de excitar a admiração dos mais ardentes apreciadores da arte grega. Bayard Taylor
descreve tais estátuas numa de suas conferência, e conta-nos que a beleza das cabeças, ornamentadas com
olhos de pedras preciosas e sobrancelhas de cobre, é insuperável. Bem abaixo da camada de areia na qual
repousavam os restos que figuram nas coleções de Lepsius, de Abbott e do Museu Britânico, encontram-se
ocultas as provas tangíveis da doutrina hermética dos ciclos de que já falamos.
Todo verdadeiro savante admite que em muitos aspetos o conhecimento humano ainda está em sua
infância. Será porque nosso ciclo começou numa época relativamente recente? Estes ciclos, segundo a
filosofia caldaica, não abrangem toda a humanidade num único e mesmo tempo. O Prof. Draper confirma
parcialmente esta teoria ao dizer que os períodos em que a Geologia "julgou conveniente dividir o progresso
do homem na civilização não são épocas abruptas (intransponíveis) que se mantêm simultaneamente para toda
a raça humana"; ele dá como exemplo os "índios nômades da América", que "só estão emergindo da idade da
pedra". Assim, mais de uma vez os homens de Ciência confirmaram involuntariamente o testemunho dos
antigos.
Qualquer cabalista que esteja a par do sistema pitagórico dos números e da Geometria pode
demonstrar que as idéias metafísicas de Platão se basearam em princípios estritamente matemáticos. "As
verdadeiras matemáticas", "são algo com que as ciências superiores têm estreita relação; as matemáticas
ordinárias não passam de uma fantasmagoria ilusória, cuja tão louvada infalibilidade provém apenas disso -
dos materiais, das condições e das referências em que elas se fundamentaram". Cientista que acreditam
adotaram o método aristotélico apenas porque se esquivam, quando não fogem, dos particulares demonstrados
nos universais, glorificam o método da filosofia indutiva, e rejeitam o de Platão, que consideram
insubstancial. O Prof. Draper lamenta que alguns místicos especulativos como Amônio Saca e Plotino
tenham tomado o lugar "de muitos geômetras do antigo museu". Ele esquece que a Geometria, a única dentre
todas as ciências a proceder dos universais para os particulares, foi precisamente o método empregado por
Platão em sua filosofia. Desde que a ciência exata confirme as suas observações às condições físicas e
proceda como Aristóteles, ela certamente não poderá errar. Mas embora o mundo da matéria seja iluminado
para nós, ele ainda é finito; e assim o materialismo girará para sempre num círculo vicioso, incapaz de
elevar-se acima do que a circunferência permitir. A teoria cosmologia dos números que Pitágoras aprendeu
dos Hierofante egípcios é a única capaz de reconciliar as duas unidades, matéria e espírito, e de fazer com
que uma demonstre matematicamente a outra.
Os números sagrados do universo em sua combinação esotérica resolveram os grandes problemas e
explicam a teoria da radiação e o ciclo de emanações. As ordens inferiores, antes de se transformarem nas
ordens superiores, devem emanar das ordens espirituais superiores, e, ao chegarem ao ponto de retorno,
devem reabsorver-se novamente no infinito.
A Filosofia, como tudo neste mundo de constante evolução, está sujeita à revolução cíclica. Como
ela parece atualmente emergir com dificuldades das sombras do arco inferior, um dia poderá ser
demonstrando que ela atingiu o ponto mais alto da circunferência muito tempo antes da época de Pitágoras.
CIÊNCIA SECRETA ANTIGA. (L.1.pág.106).
Mochus, o Sidônio, fisiólogo e professor da ciência anatômica, floresceu muito antes do Sábio de Samos - antes da
época de Tróia -; e este recebeu as instruções sagradas dos discípulos e descendentes daqueles. Pitágoras, o filósofo puro, versado
profundamente nos maiores fenômenos da Natureza, nobre herdeiro das tradições antigas, cuja grande contribuição foi libertar
a lama dos grilhões dos sentidos e força-la a realizar os seus podres, deverá viver eternamente na memória humana.
A doutrina de Metempsicose - É a passagem da alma de um estado de existência para outro.- foi
amplamente ridicularizada pelos homens da Ciência e rejeitada pelos teólogos; entretanto, se ela fosse
convenientemente compreendida em sua aplicação à indestrutibilidade da matéria e à imortalidade do espírito,
ter-se-ia reconhecido que ela é uma concepção sublime. Não deveríamos estudar a questão colocando-nos no
ponto de vista dos antigos, antes de nos aventurarmos a desacreditar os seus mestres? A solução do grande
problema da eternidade não diz respeito nem à superstição religiosa nem ao materialismo grosseiro. A
harmonia e a uniformidade matemática da dupla evolução - espiritual e física - foram elucidadas
exclusivamente nos números universais de Pitágoras, que construiu seu sistema inteiramente com base na
chamada "fala métrica" dos Vedas hindus. Foi só recentemente que um dos mais zelosos eruditos sanscritistas,
Martin Haug, empreendeu a tradução do Aitareya-Brâhmana do Rig-Veda, que era até então completamente
desconhecido; estas explicações estabelecem, incontestavelmente, a identidade entre os sistemas pitagórico e
bramânico. Em ambos, a significação esotérica deriva do número: no primeiro, da relação mística de cada
número com tudo que é inteligível para a mente do homem; no segundo, do número de sílabas com que cada
verso dos Mantras é formado. Platão, ardente discípulo de Pitágoras, adotou tão completamente este sistema a
ponto de sustentar que o dodecaedro foi a figura geométrica empregada pelo Demiurgo - ou Artífice; o
supremo Poder que construiu o Universo.- para edificar o universo. Algumas dessas figuras tinham uma
significação particularmente solene. Por exemplo, o número quatro, de que o dodecaedro é triplo, era tido
como sagrado pelos pitagóricos. É o quadrado perfeito e nenhuma das linhas que o limitavam cruza outra em
qualquer ponto. É o problema da justiça moral e da eqüidade divina geometricamente expressas. Todos os
poderes e todas as grandes harmonias da natureza física e espiritual repousam no quadrado perfeito, e o
nome inefável daquele que, de outro modo, permaneceria indizível era substituído pelo número sagrado
"4", o mais inviolável e solene juramento entre os antigos místicos - a Tetraktys.
Se a metempsicose pitagórica pudesse ser completamente explicada e comparada com a moderna
teoria da evolução, seria possível suprir todos os "elos perdidos" da corrente desta última.
O VALOR INESTIMÁVEL DOS VEDAS. (L.1.pág.108).
Nos vedas, por exemplo, encontramos prova positiva de que já em 2000 a.C. os sábios hindus e os
eruditos devem ter tido conhecimento da rotundidade de nosso globo e do sistema heliocêntrico. Eis por que
Pitágoras e Platão tão bem conheceram esta verdade astronômica; pois Pitágoras obteve seu conhecimento na
Índia, ou de homens que lá estiveram, e Platão repetia fielmente os seus ensinamentos.
Há fatos que provam que certos cálculos astronômicos eram tão corretos entre os caldeus da época
de Júlio César como o são hoje. Quando o calendário foi reformado pelo Conquistador, descobriu-se que o
ano civil se coadunava tão pouco com as estações, que o verão adentrava pelos meses de outono e os meses de
outono por todo o inverno. Foi Sosígenes, o astrônomo caldeu, quem restabeleceu a ordem na confusão,
recuando em noventa dias o dia 25 de Março, e assim fazendo este dia corresponder ao equinócio da
primavera; e foi Sosígenes ainda que fixou a duração dos meses tal como ela existe ainda hoje.
Na América, o exército de Montezuma descobriu que o calendário dos astecas concedia um número igual de dias e de
semanas a cada mês. A extrema correção de seus cálculos astronômicos era tão grande, que nenhum erro foi neles descoberto
durante as verificações posteriores, ao passo que os europeus que desembarcaram no México em 1519 estavam, graças ao
calendário juliano, aproximadamente dez dias adiantados em relação ao tempo correto.
É às traduções escrupulosas e inestimáveis dos livros védicos e às pesquisas pessoais do Dr. Haug,
que devemos a corroboração das pretensões dos filósofos herméticos. Pode-se facilmente provar a época de
Zaratusta Spitama (Zoroastro) é de uma antigüidade incalculável. Os brâmanas, aos quais Haug atribui quatro
mil anos, descrevem a disputa religiosa entre os antigos hindus que viveram no período pré-védico e os
iranianos. Os combates entre os devas e os asuras - os primeiros representado os hindus e os últimos os
iranianos - são minuciosamente descritos nos livro sagrados.
A DOUTIRNA DA MENTEMPSICOSE. (L. 1. pág. 109).
Não houve um só filósofo de alguma notoriedade que não tenha sustentado a doutrina da
metempsicose - tal como foi ensinada pelos brâmanes, pelos budistas e mais tarde pelos pitagóricos, em seu
sentido esotérico -, quer ele a tenha ou não expresso de maneira inteligível. Orígenes e Clemente de
Alexandria, Sinésio e Calcídio, todos acreditavam nela; e os gnósticos, reconhecidos incontestavelmente pela
História como um grupo de muito refinados, eruditos e esclarecidos homens, todos professavam a crença na
metempsicose. Sócrates comungava doutrinas idênticas às de Pitágoras; e ambos, para expiar a sua filosofia
divina, morreram de morte violenta. O vulgo sempre foi o mesmo em todos os tempos. O materialismo foi e
será sempre cego às verdades espirituais. Esses filósofos sustentavam, com os hindus, que Deus infundiu na
matéria uma porção de seu próprio Espírito Divino, que anima e move cada uma das partículas. Eles
ensinavam que o homem tem duas almas, de natureza diversa e totalmente distinta: uma perecível - a Alma
Astral, ou o corpo fluídico interno - e outra incorruptível e imortal - a Augoeides, ou porção do Espírito
Divino; que a alma astral ou mortal morre a cada mudança gradual no limite de toda nova esfera, tornando-se
com cada transmigração mais purificada. O homem astral, por mais intangível e invisível que possa ser aos
nossos sentidos mortais e terrestres, é ainda constituído de matéria, embora sublimada. Aristóteles acreditava
que as almas humanas são emanações de Deus e que elas são finalmente reabsorvidas na Divindade. Zenão, o
fundador do Estoismo, ensina que existem "duas qualidades eternas em toda a natureza; uma, ativa, ou
masculina, e outra, passiva, ou feminina: a primeira é éter puro e sutil, ou Espírito Divino; a outra é em si
mesma totalmente inerte até a sua união com o princípio ativo. O Espírito Divino, ao agir sobre a matéria,
produz o fogo, a água, a terra e o ar; e é o único princípio motor de toda a natureza. Os estóicos, como os
sábios hindus, acreditavam na absorção final. São Justino acreditava que as almas emanam do seio da
divindade, e Tatiano, o Assírio, seu discípulo, declarava que "o homem é tão imortal quanto o próprio Deus".
MUTILAÇÕES DOS LIVROS SAGRADOS JUDAICOS TRADUZIDOS. (L.1.pág.110).
O versículo profundamente significativo do Gênese: "E a todos os animais da terra e a todas as aves
dos céus e a todos os répteis da terra eu dei uma Alma Viva (...)" deveria chamar a atenção de todos os
eruditos hebreus capazes de ler a Escritura no original, e demovê-los de seguir a tradução errada, na qual se
lê: "em que há vida" (Gênese, I, 30.)
Desde o primeiro capítulo até o último, os tradutores dos Livros Sagrados judaicos interpretaram
mal este significado. Eles mudaram a ortografia do nome de Deus, como prova Sir W. Drummond. Assim,
El se corretamente escrito, deveria ler-se Al, e, segundo Higgins, esta palavra significa o deus Mitra, o Sol, o
conservador e o salvador. Sir W. Drummond mostra que Beth-El significa a Casa do Sol. " Foi assim que a
Teologia desfigurou a antiga Teosofia e a Ciência, a antiga Filosofia.
Por não compreendermos este grande princípio filosófico, os métodos da Ciência moderna, embora
exatos, a nada levarão. Não há um só de seus ramos que possa demonstrar a origem e o fim das coisas. Em
vez de investigar o efeito a partir de sua fonte primeiro, o seus progresso se dá ao inverso. Os tipos
superiores, como ele ensina, resultam da evolução dos tipos inferiores. Ela parte do fundo do ciclo,
conduzida passo a passo no grande labirinto da natureza por um fio de matéria. Assim que este se rompe e a
pista se perde, ela recua, assustada, diante do Incompreensível, e confessa a sua impotência. Não procediam
assim Platão e seus discípulos. Para eles, os tipos inferiores são simplesmente as imagens concretas dos tipos
abstratos superiores. A alma, que é imortal, tem uma origem aritmética, assim como o corpo tem uma
origem geométrica. Esta origem, enquanto reflexo do grande ARCHAEUS universal, é dotada de movimento
próprio e difunde-se a partir do centro sobre cada corpo do microcosmos.
A figura geométrica fundamental da Cabala - essa figura que a tradição e as doutrinas esotéricas nos
dizem ter sido dada pela própria Divindade a Moisés no Monte Sinais (Êxodo, xxv, 40 - “Cuida para que se
execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte”) - contém em sua grandiosa, porque
simples, combinação a chave do problema universal. Essa figura contem em si todas as outras. Para aqueles
que são capazes de dominá-la, não há necessidade de exercitar a imaginação. Nenhum microscópio pode ser
comparado à intensidade de percepção espiritual.
DAS DOUTRINAS DO ESPIRITUALISMO. (L.1.pág.111).
As doutrinas fundamentais do Espiritualismo, diz Huxley, "estão fora dos limites da investigação
filosófica". Seremos bastantes audazes para contradizer tal asserção, e dizemos que elas estão muito mais
dentro desses limites do que o protoplasma de Huxley. Ainda mais que elas oferecem fatos palpáveis e
evidentes da existência do espírito, e as células protoplasmáticas, uma vez mortas, não apresentam
absolutamente nada das origens ou das bases da vida, como este autor, um dos poucos "pensadores de proa do
presente", nos quer fazer acreditar.
Os antigos cabalistas não se demoravam numa hipótese, se a base desta não estivesse estabelecida
sobre a rocha sólida das experiências comprovadas.
Mas a exagerada subordinação aos fatos físicos ocasiona a pujança do materialismo e a decadência
da espiritualidade e da fé. Ao tempo de Aristóteles, era essa a tendência de pensamento dominante. E embora
o preceito délfico ainda não tivesse sido completamente eliminado do pensamento grego, e alguns filósofos
ainda sustentassem que "para saber o que o homem é, devemos saber o que o homem foi, o materialismo já
tinha começado a corroer a fé pela raiz. Os próprios mistérios haviam se degenerado ao extremo em meras
especulações sacerdotais e fraudes religiosas. Poucos eram os verdadeiros adeptos e iniciados, os herdeiros e
os descendentes daqueles que foram dispersados pelas espadas conquistadoras de vários invasores do
Antigo Egito.
O tempo predito pelo Hermes em seu diálogo com Esculápio tinha deveras chegado; o tempo em
que estrangeiros ímpios iriam acusar o Egito de adorar monstros, em que nada iria sobreviver de suas
instituições, a não ser as inscrições gravadas na pedra sobre os monumentos - enigmas incríveis para a
posteridade. Seus escribas e seus hierofantes erravam sobre a Terra. Obrigados pelo medo da profanação dos
santos mistérios a procurar refúgio entre as confrarias herméticas - conhecidas mais tarde sob o nome de
essênios, seus conhecimentos esotéricos foram então mais do que nunca sepultados profundamente. A espada
triunfante do discípulo de Aristóteles removera de sua trilha de conquista todo vestígio de uma outrora
pura religião, e o próprio Aristóteles, tipo e protótipo de sua época, embora instruído na ciência secreta dos
egípcios, pouco conheceu desses soberano redundados de milênios esotéricos.
Nossa ciência moderna reconhece um Poder Supremo, de um Deus pessoal. Logicamente, pode-se
contestar que existe uma diferença entre as duas idéias, pois, no presente caso, o Poder e o Ser são idênticos.
A razão humana imagina com dificuldade um Poder Supremo inteligente, se não o associa à idéia de um Ser
Inteligente. Não esperamos que as massas ignorantes tenham uma clara concepção da onipotência e da
onipresença de um Deus Supremo sem dotar tais atributos de uma gigantesca projeção de sua própria
personalidade. Mas os cabalistas jamais consideraram o invisível UNSOPH EN-SOPH, O infinito ou
ilimitado. senão como um Poder.
A MAGIA VISTA SEMPRE COMO UMA CIÊNCIA DIVINA. (L.1.pág.113).
Maimônides, o grande teólogo e historiador judeu que, numa certa época, foi quase deificado por
seus concidadãos e, mais tarde, tratado como herético assinala que quanto mais o Talmud parece absurdo e
vazio de sentido, mais sublime é o seu significado secreto. Este homem sábio demonstrou vitoriosamente que
a Magia Caldaica, a ciência de Moisés e de outros sábios taumaturgos, baseava-se totalmente num extenso
conhecimento dos diversos e hoje esquecidos ramos da ciência natural. Perfeitamente a par dos recursos dos
reinos vegetal, animal e mineral, versados na Química e na Física ocultas, psicólogos e fisiólogos, por que
ficarmos espantados se os iniciados e os adeptos instruídos nos santuários misteriosos dos templos podiam
operar maravilhas que, mesmo em nossos dias esclarecidos, parecem sobrenaturais? É um insulto à natureza
humana difamar a Magia e as ciências ocultas tratando-as como imposturas. Acreditar que durante tantos
milhares de anos uma metade do gênero humano praticou o embuste e a fraude com a outra metade
equivalente a dizer que a raça humana é composta quase exclusivamente de malfeitores e de idiotas
incuráveis.
Nos mais antigos documentos que hoje possuímos - os Vedas e as Leis de Manu, mais antigas ainda
-, encontramos muitos ritos mágicos praticados e permitidos pelos brâmanes. O Tibete, o Japão e China
ensinam até hoje o que ensinavam os antigos caldeus. O clero desses respectivos países prova, além disso, o
que eles ensinam, ou seja: que a prática da pureza moral e física, e de algumas austeridade, desenvolve o
poder total da alma para a auto-iluminação. Concedendo ao homem o controle sobre o seu próprio espírito
mortal, tais práticas lhe dão verdadeiro poder sobre os espíritos elementares que lhe são inferiores. No
Ocidente, descobriremos que a Magia remonta a uma época tão recuada como a do Oriente. Os druidas da
Grã-Bretanha a praticavam nas criptas silenciosas de suas grutas profundas; e Plínio consagrava mais de um
capítulo à "sabedoria" dos líderes celtas. Os semoteus - os druidas gálicos - professavam tanto as ciências
espirituais como as ciências físicas. Eles ensinavam os segredos do universos, a marcha harmoniosa dos
corpos celestes, a formação da Terra e, sobretudo, a imortalidade da alma. Em seus bosques sagrados -
academias naturais construídas pela mão do Arquiteto Invisível - os iniciados se reuniam, na hora tranqüila
da meia-noite, para aprender o que o homem foi e o que será. Não precisavam de iluminação artificial, nem
de gás malsão, para alumiar os seus templos, pois a casta deusa da noite projetava os raios mais prateados
sobre as suas cabeças coroadas de folhas de carvalho; e os bardos sagrados vestidos de branco sabiam como
conversar com a rainha solitária da voluta estrelada.
A Magia é tão antiga quanto a Humanidade. É tão impossível indicar a época de seus início como
fixar o dia em que o primeiro homem nasceu.
Consideraram alguns que Odin, o sacerdote e monarca escandinavo, teria dado início à pratica da
Magia por volta de setenta anos antes da era cristã. Mas demostrou-se facilmente que os ritos misteriosos das
sacerdotisa chamadas voilers, valas, eram muito anteriores a essa época. Alguns autores modernos
procuraram provar que Zoroastro foi o fundador da Magia, porquanto foi ele o fundador da religião dos
magos. Amiano Marcelino, Arnóbio, Plínio e outros historiadores antigos demonstraram conclusivamente
que ele foi apenas um reformador da arte mágica tal como era praticada pelos caldeus e pelos egípcios.
A LINHAGEM SIMBÓLICA USADA NOS LIVROS ANTIGOS. OS FENÔMENOS
MEDIÚNICOS. (L. 1. pág.114).
Os maiores professores de Teologia concordam em reconhecer que todos os livros antigos foram
escritos simbolicamente e numa linguagem inteligível apenas aos iniciados. O esboço biográfico de Apolônio
de Tiana é um exemplo disso. Como qualquer cabalista o sabe, tal esboço enfeixa toda a Filosofia Hermética
e forma, em muitos aspectos, a contrapartida das tradições que nos foram deixadas pelo rei Salomão. Ele se
assemelha a um conto de fadas, mas, como no caso deste, às vezes os fatos e os acontecimentos históricos são
apresentado ao mundo sob as cores da ficção. A viagem à Índia representa alegoricamente as provas de um
neófito. Seus longos diálogos com os brâmanes, os sábios conselhos destes e os diálogos com o corinto
Menipo, se interpretados, reproduziriam o catecismo esotérico. Sua visita ao império dos sábios, sua
entrevista com o rei Hiarchas, o oráculo de Anfiarau, explicam de maneira simbólica muitos dos dogmas
secretos de Hermes. Bem compreendidos, eles nos abririam alguns dos segredos mais importantes da
natureza. Éliphas Lévi assinala a grande semelhança que existe entre o rei Hiarchas e o fabuloso Hiram, de
quem Salomão obteve os cedros do Líbano e o ouro de Ofir.
Assim, os babilônios determinaram a duração do ano tropical com um erro de 25 segundos; seu cálculo do
ano sideral acusa a diferença de apenas dois segundos a mais. Eles descobriram a precessão dos equinócios.
Conheciam as causas dos eclipses e, com a ajuda de seu ciclo, chamado saros, podiam predizê-los. Seus
cálculos do valor desse ciclo, que compreendia mais de 6.585 dias, tinha um erro de dezenove minutos e
trinta segundos".
"Tais fatos fornecem a prova irrefutável da paciência e da habilidade com as quais a Astronomia foi
cultivada na mesopotâmia e de que, apesar dos instrumentos inadequados, esta ciência atingiu um perfeição
que não se deve desprezar. Esses antigos observadores fizeram um catálogo das estrelas, dividiram o zodíaco
em doze signos; separaram o dia e a noite em doze horas. Devotaram-se, por longo tempo, como diz
Aristóteles, à observação das ocultações das estrelas pela Lua. Corrigiram as idéias a respeito da estrutura do
sistema solar, e conheceram a ordem de localização dos planetas. Construíram relógios solares, clepsidras,
astrolábios, gnomos."
Falando do mundo das verdades eternas que s