Helena p. blavatsky Isis sem vél 2.
Helena p. blavatsky Isis sem vél 2.
VOLUME 2
CIÊNCIA II
CAPÍTULO IX
FENÔMENOS CÍCLICOS
O SENTIDO DA EXPRESSÃO TÚNICAS DE PELES. (L. 2. pág. 11).
Afirmam alguns filósofos antigos que as "túnicas de pele" que, segundo o terceiro capítulo do
Gênese, foram dadas a Adão e Eva significam os corpos carnais com que os progenitores da raça humana
foram vestidos na evolução dos ciclos. Sustentam eles que a forma física criada à semelhança de Deus tornouse
cada vez mais e mais grosseira, até atingir o fundo do que se pode chamar de último ciclo espiritual, e a
Humanidade penetrou no arco ascendente do primeiro ciclo humano. Começou, então, uma série ininterrupta
de ciclos ou yugas, permanecendo a duração precisa de cada um deles um mistério inviolável conservado nos
recintos dos santuários e revelado unicamente aos iniciados. Assim a Humanidade entrou num novo ciclo, a
idade da pedra, com a qual o ciclo precedente teve fim, começou gradualmente a se transformar numa idade
superior. A cada sucessiva idade, ou época, os homens se refinaram mais e mais, até que o cume da perfeição
possível em cada ciclo particular foi atingido. Então a onda em refluxo do tempo trouxe consigo os vestígios
do progresso humano, social e intelectual. Os ciclos se sucedem aos ciclos por transição imperceptíveis;
nações florescentes e altamente civilizadas cresceram em poder, atingiram o clímax do desenvolvimento,
declinaram e extinguiram-se; e a Humanidade, quando o fim do arco cíclico mais baixo foi atingido,
remergulhou na barbárie como no princípio. Reinos desmoronaram e as nações se sucederam às nações, do
princípio até os nossos dias, as raças subindo alternadamente aos graus de desenvolvimento mais elevado e
descendo até os mais baixos. Draper observa que não há nenhuma razão para supor que um ciclo se aplique a
toda a raça Humana. Ao contrário, enquanto o homem numa parte do planeta está em estado de retrogressão,
na outra ele pode estar progredindo em conhecimento e em civilização.
Quanto se assemelha a esta teoria a lei do movimento planetário, que força os astros a rodarem sobre
seus eixos ; os diversos corpos a girarem em torno dos respectivos sóis; e todo o cortejo estrelar a seguir um
caminho comum em redor de um centro comum. Vida e morte, luz e trevas, dia e noite sucedem-se no
planeta, enquanto este gira sobre seu eixo e percorre o círculo zodiacal, que representa os ciclos menores e
maiores. Lembrai-vos do axioma hermético: "Em cima como embaixo; no céu como na terra".
VISÕES CLARIVIDENTES DE UM PASSADO REMOTO. - A TEORIA HERMÉTICA DA
EVOLUÇÃO DO HOMEM. (L. 2. pág. 12).
O Prof. Denton submeteu, ao exame de sua esposa, um fragmento de osso fossilizado sem dar à Sra.
Denton qualquer indicação do que era o objeto. Este suscitou-lhe imediatamente retratos do povo e cenas que
o Prof. Dentron acredita pertencerem à idade da pedra. Ela viu homens extremamente semelhantes a macacos,
com corpos muito peludos, e "como se o cabelo natural fizesse as vezes de roupas". "Duvido que eles possam
ficar perfeitamente eretos; as articulações do quadril parecem indicar que não", disse ela. "Vejo
ocasionalmente uma parte do corpo de um desses seres que parece comparativamente lisa. Posso ver a pele,
que é mais branca (...) Não sei se ele pertence ao mesmo período. (...) à distância a face parece achatada; a
parte inferior é proeminente; eles têm o que suponho que se chamam mandíbulas prognatas. A região frontal
da cabeça é baixa, e a parte mais baixa é muito proeminente, formando uma saliência redonda em torno da
fronte, imediatamente acima das sobrancelhas. (...) Vejo agora um rosto que se parece ao de um ser humano,
embora ainda tenha uma aparência simiesca. Todos parecem pertencer à mesma espécie, pois têm braços
longos e corpos cabeludos".
Aceitem ou não os cientistas a teoria hermética da evolução do homem a partir de naturezas
superiores e mais espirituais, eles próprios nos mostram como a raça progrediu do ponto mais baixo
observado ao atual desenvolvimento. E, como toda a natureza parece ser feita de analogias, será desarrazoado
afirmar que o mesmo desenvolvimento progressivo das formas individuais ocorreu entre os habitantes do
universo invisível? Se esses maravilhosos efeitos foram causados pela evolução sobre o nosso pequeno
planeta insignificante, produzindo homens pensantes e intuitivos a partir de tipos superiores da família dos
macacos, por que supor que os ilimitados reinos do espaço são habitados apenas por duplicatas espirituais
desses ancestrais cabeludos, de braços longos e semipensantes, seus predecessores, e por seus sucessores até a
nossa época? Naturalmente, as partes espirituais desses membros primitivos da família humana deveriam ser
tão bárbaras e tão pouco desenvolvidas quanto os seus corpos físicos. Embora não tenham feito nenhuma
tentativa de calcular a duração do “grande ciclo”, os filósofos herméticos sustentavam que, de acordo com a
lei cíclica, a raça humana viva deve inevitável e coletivamente retornar um dia ao ponto de partida em que o
homem foi vestido com “túnicas de pele”; ou, para expressá-lo mais claramente, a raça humana deverá ser
finalmente, de acordo com a lei da evolução, fisicamente espiritualizada.
ADÃO UM SER ESPIRITUAL PURO E PERFEITO. (L. 2. pág. 14).
Começando como um ser espiritual puro e perfeito, o Adão do segundo capítulo do Gênese, não
satisfeito com a posição a ele conferida pelo Demiurgo (que é o primogênito mais antigo, o Adão-Cadmo),
este segundo Adão, o “homem de pó”, conspira em seu orgulho para, por sua vez, tornar-se Criador. Emanado
do Cadmo andrógino, este Adão é ele também andrógino, pois, de acordo com as antigas crenças apresentadas
alegoricamente no Timeu de Platão, os protótipos de nossas raças foram todos encerrados na árvore
microcósmica que cresceu e se desenvolveu dentro e sob a grande árvore cósmica ou macrocósmica. Por se
considerar que o Espírito Divino é uma unidade, não obstante os numerosos raios do grande sol espiritual, o
homem tinha sua origem, como todas as outras formas, orgânicas ou inorgânicas, nesta Fonte de Luz Eterna.
Ainda que rejeitássemos a hipótese de um homem andrógino, no que concerne à evolução física, o significado
da alegoria em seu sentido espiritual permaneceria inalterado. Uma vez que o primeiro homem-deus, que
simboliza os dois princípios da criação, o elemento dual masculino e feminino, não tinha noção do bem e do
mal, ele não podia hipostasiar “a mulher”, pois ela estava nele como ele nela. Foi apenas quando, como
resultado dos maus conselhos da serpente, a matéria se condensou e arrefeceu no homem espiritual em seu
contato com os elementos, que os frutos da árvore humana - que é ela própria a árvore do conhecimento - se
mostraram aos seus olhos. Desde esse momento, a união andrógina cessou, o homem emanou de si a mulher
como uma entidade separada. Eles quebraram o elo entre o espírito puro e a matéria pura. A partir de então,
eles não mais criarão espiritualmente, e apenas pelo poder de sua vontade; o homem tornou-se um criador
físico, e o reino do espírito só pode ser conquistado por um longo aprisionamento na matéria. O sentido de
Gogard, a árvore da vida helênica, o carvalho sagrado entre cujos ramos luxuriantes repousa uma serpente,
que não pode ser desalojada, torna-se assim claro. Escapando do ilus primordial, a serpente cósmica torna-se
mais material e cresce em força e poder a cada nova evolução.
O Primeiro Adão, ou Cadmo, o Logos dos místicos judeus, é idêntico ao Prometeu grego, que
procura rivalizar com a sabedoria divina; e também ao Primander de Hermes, ou o PODER DO
PENSAMENTO DIVINO, em seu aspecto mais espiritual, pois ele foi menos hipostasiado pelos egípcios do
que pelos dois primeiros. Eles criam todos os homens, mas falham em seu objetivo final. Desejando dotar o
homem de um espírito imortal, a fim de que, inserindo a trindade no um, ele pudesse gradualmente retornar ao
seu primitivo estado primordial sem perder a individualidade, Prometeu falha em sua tentativa de roubar o
fogo divino, e é condenado a explicar o crime no Monte Kazbeck. Prometeu é também o Logos dos antigos
gregos, assim como Hércules. No Códex nazareeus vemos Bahak-Zivo desertando do céu de seu pai e
confessando que, embora seja o pai dos genii, é incapaz de “construir criaturas”, pois ele é tão pouco versado
no que concerne a Orco como no que respeita ao “fogo consumidor desprovido de luz”. E Fetahil, uma das
“potestades”, senta-se no “barro” (matéria) e espanta-se com o fato de o fogo vivo ter mudado tanto.
A REBELIÃO DE LÚCIFER. (L. 2 pág. 15).
Todos esses Logois que procuram dotar o homem de espírito imortal falham, e quase todo são
representados sofrendo as mais diversas punições pela tentativa. Os primeiros padres cristãos, que, como
Orígenes e Clemente de Alexandria, eram bastante versados na simbologia pagã e começaram suas carreiras
como filósofos, sentiram-se muito embaraçados. Eles não podiam negar a antecipação de suas doutrinas nos
mitos antiquíssimos. O último Logos, de acordo com os seus ensinamentos, também surgiu para mostrar à
Humanidade o caminho da imortalidade; e em seu desejo de dotar o mundo de uma vida eterna através do
fogo pentecostal, perdeu a vida de acordo com o programa tradicional. Assim se originou a desajeitadíssima
explicação de que o nosso clero moderno se aproveita livremente, segundo a qual todos esses tipos míticos
mostram o espírito profético que, pela graça de Deus, foi concedido até mesmo aos idólatras pagãos! Os
pagãos, afirmam, representaram, em suas imagens, o grande drama do Calvário - daí a semelhança.
A alegoria da queda do homem e do fogo de Prometeu é também outra versão do mito da rebelião do
orgulhoso Lúcifer, precipitado no poço sem fundo - o Orco (Inferno ou Mundo inferior). Na religião dos
brâmanes, Mahâsura, o Lúcifer hindu, torna-se invejoso da luz resplandecente do Criador, e à testa de uma
legião de espíritos inferiores rebela-se contra Brahmâ, e lhe declara Guerra. Como Hércules, o fiel Titã, que
ajuda Júpiter e lhe devolve o trono, ‘Shiva, a terceira pessoa da trindade hindu, os precipita a todos da morada
celestial no Honderah, a religião das trevas eternas. Mas aqui os anjos caídos se arrependem de sua má ação, e
na doutrina hindu eles obtêm a oportunidade de progredir. Na história grega, Hércules, o deus do Sol, desce
ao Hades para livrar as vítimas de suas torturas; e a Igreja cristã também faz o seu deus encarnado descer às
sombrias regiões plutônicas e vencer o ex-arcanjo rebelde. Por sua vez os cabalistas explicam a alegoria de
um modo semicientífico. O segundo Adão, ou a primeira raça criada que Platão chama de deuses, e a Bíblia
de Elohim, não era de natureza tríplice como o homem terrestre: ele não era composto de alma, espírito e
corpo, mas era um composto de elementos astrais sublimados em que o “Pai” soprou um espírito divino
imortal. Este, devido à sua essência divina, lutou sempre para livrar-se dos liames dessa frágil prisão; eis por
que os “filhos de Deus”, em seus imprudentes esforços, foram os primeiros a traçar um modelo futuro para a
lei cíclica. Mas o homem não deve ser “como um de nós”, diz a Divindade Criadora, um dos Elohim
“encarregados da fabricação do animal inferior”. Foi assim que, quando os homens da primeira raça atingiram
o cume do primeiro ciclo, eles perderam o equilíbrio, e seu segundo invólucro, as vestes grosseiras (o corpo
astral), os arrojou ao arco oposto.
A CRIAÇÃO DOS ANIMAIS QUE PRECEDERAM O HOMEM SOBRE A FACE DA
TERRA. (L. 2. pág. 17).
Mas esta criação de seres, sem o necessário influxo do puro sopro divino sobre eles, que era
conhecido entre os cabalistas como o "Fogo Vivo", produziu apenas criaturas de matéria e luz astral. ( A luz
astral, ou anima mundi, é dual e bissexuada. A sua parte masculina é puramente divina e espiritual: é a
Sabedoria, ao passo que a porção feminina (o spiritus dos nazarenos) é maculada, em certo sentido, pela
matéria, e, portanto, é maligna. É o princípio de vida de toda criatura viva, e fornece a alma astral, o
perispírito fluídico, aos homens, aos animais, aos pássaros no ar e a tudo que vive. Os animais têm apenas o
germe da alma imortal superior como um terceiro princípio. Este germe desenvolver-se-á somente através de
uma série de inumeráveis evoluções, cuja doutrina está contida no axioma cabalístico: "Uma pedra
transforma-se numa planta; a planta, num animal; o animal, num homem; o homem, num espírito; e o espírito,
em um deus".) Assim foram gerados os animais que precederam o homem sobre esta Terra. Os seres
espirituais, os "filhos da luz", que permaneceram fieis ao grande Ferho (a Primeira Causa de tudo) constituem
a hierarquia celeste ou angélica, os Adonim, e as legiões dos homens espirituais que nunca se encarnaram. Os
seguidores dos gênios rebeldes e insensatos, e os descendentes dos sete espíritos "ignorantes" criados por
"Karabtanos" e o "spiritus", tornaram-se, com o correr do tempo, os "homens de nosso planeta", após terem
passado por toda a "criação de cada um dos elementos. A partir dessa fase, nossas formas superiores
evoluíram das inferiores. A Antropologia não ousa seguir o cabalista em seus vôos metafísicos além deste
planeta, e é duvidoso que os seus mestres tenham a coragem de procurar o elo perdido nos velhos manuscritos
cabalistas.
Foi assim, então, posto em movimento o primeiro ciclo, que em suas rotações descendentes troce
uma parte infinitesimal das vidas criadas ao nosso planeta de barro. Chegando ao ponto mais baixo do arco
do ciclo, que precedeu diretamente a vida sobre a Terra, a pura centelha divina que ainda restava em Adão fez
um esforço para se separar do espírito astral, pois "o homem caia gradualmente na geração", e a camada
carnal tornava-se mais e mais densa a cada ação.
E aqui começa um mistério, um Sod citando o Latin lexicon de Freund, IV,448 [em Sod, Myst. of
Adonai, p. XII].); um segredo que o rabino Simeão não comunicava senão a pouquíssimos iniciados. Ele era
representado uma vez a cada sete anos durante os mistérios da Samotrácia, e os seus registros se encontram
auto-impressos nas folhas da árvore sagrada tibetana, a misteriosa KOUNBOUM, na Lamaseria dos santos
adeptos.
NO OCEANO SEM LIMITES BRILHA O SOL CENTRAL. (L. 2. pág. 17).
No oceano sem limites brilha o Sol Central, Espiritual e Invisível. O universo é seu corpo, espírito e
alma; e TODAS AS COISAS são criadas de acordo com este modelo ideal. Estas três emanações são as três
vidas, os três degraus do Pleroma gnóstico, as três "Faces Cabalísticas", pois o ANTIGO dos antigos, o santo
dos idosos, o grande En-Soph, "tem uma forma e em seguida não tem forma alguma". O Invisível "assumiu
uma forma quando chamou o universo À Vida", diz o Zohar, o Livro do Esplendor. A Primeira Luz é a Sua
Alma, o Sopro Infinito, Ilimitado e Imortal, sob cujo esforço o universo ergue o seu poderoso seio, para
infundir vida Inteligente à Criação. A Segunda emanação condensa matéria cometária e produz formas no
círculo cósmico; põe os incontáveis mundos flutuando no espaço elétrico, e infunde o princípio de vida cego e
ininteligente, em cada forma. A Terceira produz todo o universo da matéria física; e, como se afasta
gradualmente da Luz Central Divina, seu fulgor se enfraquece e se transforma nas TREVAS e no MAL - a
matéria pura, as "grosseiras purgações do fogo celestial" dos hermetistas.
O GRANDE CICLO DA MÔNADA. - A TEORIA DE DARWIN. (L. 2. pág. 18).
Quando o Invisível Central (o Senhor Ferho) viu os esforços para libertar-se da Scintilla divina, que
não desejava ser lançada na degradação da matéria, ele lhe permitiu tirar de si própria uma Mônada, pela qual,
ligada a ela pelo fio mais fino, a Scintilla divina (a alma) tinha que velar durante as suas incessantes
peregrinações de uma forma a outra. Assim a Mônada foi lançada na primeira forma da matéria e dai
encerrada em pedra; depois, no decorrer do tempo, através dos esforços combinados do fogo vivo e da água
viva, ambos os quais brilhavam seu reflexo sobre a pedra, a Mônada escapou à prisão e surgiu à luz do Sol
como um líquen. De modificações em modificações ela foi mais e mais alto; a Mônada, a cada nova
transformação, tomou emprestado um pouco mais da radiação de sua mãe. Scintilla, de que se aproximava a
cada transmigração. Pois "a Causa Primária quis que ela procedesse desse modo"; e destinou-a a subir e mais
e mais até que sua forma física se tornasse novamente o Adão de pó, formado à imagem de Adão-Cadmo.
Antes de sofrer a sua última transformação terrestre, a cobertura externa da Mônada, a partir do momento de
sua concepção como embrião, passa, novamente, pelas fases dos vários reinos. Em sua prisão fluídica ela
conserva uma vaga semelhança com os vários períodos de gestação como planta, réptil, pássaro e animal, até
se tornar um embrião humano. No nascimento do futuro homem, a Mônada, radiando com toda a glória de sua
mãe imortal que a vigia da sétima esfera, torna-se sem sentido. Ela perde todas as lembranças do passado, e só
retorna gradualmente à consciência quando o instinto da infância dá lugar à razão e à inteligência. E quando a
separação entre o princípio de vida (espírito astral) e o corpo tem lugar, a alma liberada - a Mônada -
reencontra exultantemente o espírito paterno e materno, o radiante Augoeides, e os dois, fundidos em um,
formam para sempre, como uma glória proporcional à pureza espiritual da vida terrestre passada, o Adão que
completou o círculo de necessidade, e está livre do último vestígio de seu envoltório físico. A partir desse
momento, tornando-se mais e mais radiante a cada passo de seu progresso ascendente, ele sobe pelo caminho
brilhante que termina no ponto do qual ela partira em torno do GRANDE CICLO.
Toda a teoria darwiniana da seleção natural está resumida nos primeiros seis capítulos no Gênese. O
"Homem" do cap. I é radicalmente diferente do "Adão" do cap. II, pois o primeiro foi criado "macho e fêmea"
- isto é, bissexuado - e à imagem de Deus; ao passo que o último, de acordo com o sétimo versículo, foi
formado com o pó da terra, e tornou-se "uma alma vivente", depois que o Senhor Deus "soprou em suas
narinas o sopro da vida". Contudo, este Adão era um ser masculino, e no vigésimo versículo somos
informados de que "não se encontrou a auxiliar que lhe correspondesse". Os adonais, por serem puras
entidades espirituais, não tinham sexo, ou melhor, tinham ambos os sexos reunidos em si, como seu Criador; e
os antigos compreendiam isso tão bem que representaram muitas de suas divindades como bissexuais. O
estudioso da Bíblia deve aceitar esta interpretação, sob pena de tornar as passagem dos dois capítulos
mencionados absurdamente contraditórias. Não apenas esta duas raças de seres são claramente indicadas no
Gênese, mas mesmo uma terceira e uma quarta se apresentam ao leitor no cap. IV, quando se fala dos "filhos
de Deus" e da raça de "gigantes".
Uma coisa, pelo menos, ficou demonstrada no texto hebraico, a saber; que houve uma raça de
criaturas puramente físicas; outra, de criaturas puramente espirituais. A evolução e a "transformação das
espécies" necessárias para preencher a lacuna entre as duas foram deixadas a antropólogos mais capazes.
Podemos apenas repetir a filosofia dos homens da Antigüidade, a qual diz que a união dessas duas raças
produziu uma terceira - a raça adamita. Partindo das naturezas de ambos os pais, ela se adaptou igualmente a
uma existência nos mundos material e espiritual. Aliada da metade física da natureza do homem está a razão,
que lhe permite manter a supremacia sobre os animais inferiores, e subjugar a natureza para seus fins. Aliada
da sua parte espiritual está a sua consciência, que lhe serve de guia infalível, não obstante as fraquezas dos
sentidos; pois a consciência é essa percepção instantânea entre certo e errado, que só pode ser exercitada pelo
espírito, que, por ser uma porção da Sabedoria Divina e da Pureza, é absolutamente pura e sábia. Suas
inspirações são independentes da razão, e só podem manifestar-se claramente quando desembaraçadas pelas
atrações inferiores de nossa natureza dual.
A RAZÃO, UMA FACULDADE DE NOSSO CÉREBRO FÍSICO. (L. 2. pág. 20).
Sendo a razão uma faculdade de nosso cérebro físico, faculdade que é justamente definida como a de
deduzir inferências de premissas, e sendo totalmente dependente da evidência de outros sentidos, não pode ser
uma qualidade diretamente pertinente ao nosso espírito divino. Este espírito sabe - portanto, que todo
raciocínio que implica discussão e argumento seria inútil. Assim, uma entidade, se deve ser considerada como
uma emanação direta do eterno Espírito da Sabedoria, só pode selo dotado dos mesmos atributos que a
essência ou o todo de que faz parte. Portanto, é como um certo grau de lógica que os antigos teurgistas
sustentavam que a parte racional da alma do homem (espírito) nunca entra inteiramente no corpo do homem,
mas apenas o cobre mais ou menos com a sua sombra através da alma irracional ou astral, que serve como
um agente intermediário, ou como um médium entre espírito e corpo. O homem que conquistou a matéria o
suficiente para suavizar a luz direta que emana de seu Augoeides (O Augoeides é a radiação luminosa divina
do Ego, que, quando encarnado, não é mais do que sua sombra pura. E, entre os neoplatônicos parece
significar o "corpo astral".) brilhante sente a Verdade intuitivamente; ele não pode errar em seu julgamento,
não obstante todos os sofisma sugeridos pela fria razão, pois está ILUMINADO. Portanto, a profecia, a
perfeição e a chamada inspiração Divina são simplesmente os efeitos dessa iluminação proveniente do alto e
causada pelo nosso próprio espírito imortal.
Os grandes sábios da Antigüidade, os da época medieval, e os autores místicos de nossos tempos
modernos também foram todos hermetistas. Quer a luz da verdade os tenha iluminado graças à sua faculdade
de intuição, quer como uma correspondência do estudo e da iniciação regular, virtualmente, eles aceitaram o
método e seguiram o caminho traçado para eles por homens como Moisés, Gautama Buddha e Jesus. A
Verdade, simbolizada por alguns alquimistas como bálsamo do céu, desceu em seus corações, e todos a
co